segunda-feira, 11 de março de 2013

O 8 de março foi escolhido para marcar a luta das mulheres por um mundo igualitário. Para nós, mulheres do Distrito Federal, o início deste mês mostra que a luta precisa ser fortalecida. Em três dias consecutivos, duas mulheres foram assassinadas por seus companheiros e uma terceira jovem teve a casa invadida e foi estuprada por seis horas.
Em fevereiro, outras três sofreram agressões com motivação lesbofóbica, sendo que uma chegou a ter os dedos mutilados por um policial militar.
Situações como essas – que ganharam repercussão nos meios de comunicação, mas não são as únicas – revelam uma triste situação. Em 2012, foram registrados 17.675 casos de violência doméstica, no DF, todas previstas pela Lei Maria da Penha (lesões corporais, ameaças, ofensas, por exemplo). De acordo com o Mapa da Violência 2012, o DF ocupa a sétima posição no ranking nacional da violência contra as mulheres, com taxa de 5,8 homicídios a cada 100 mil mulheres, revelando que aqui também se registra o feminicídio que ocorre no país.
Esses são efeitos diretos de uma sociedade fundada em valores machistas, patriarcais e racistas. Uma mudança de paradigmas urge e só virá com o rompimento dessas estruturas e a construção de novos modelos, que sejam igualitários, democráticos e reconheçam as mulheres (em sua diversidade) como sujeitos de direitos.
A Virada Feminista do Distrito Federal surgiu exatamente da necessidade de reagir a essa cultura que nos oprime, violenta e mata diariamente. Ela nasceu da união de esforços de organizações feministas e também de mulheres feministas que querem aliar cultura e política para assumirem o protagonismo no desenho de uma nova sociedade.
O tema escolhido para a Virada deste ano se refere à luta contra os fundamentalismos como prática política. O que acontece e se intensifica no Brasil e na região da América Latina é que grupos de determinadas hierarquias religiosas utilizam espaços de poder não apenas para impedir avanços dos direitos das mulheres e de outros grupos subrepresentados (negr@s, lésbicas, gays, transexuais, indígenas, praticantes de religiões de matriz africana, ateias e ateus, etc) como também para retroagir em direitos já conquistados.
Um exemplo disso foi a designação do Deputado Pastor Marco Feliciano do Partido Social Cristão (PSC) para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM). Esse partido e esse parlamentar possuem posicionamentos públicos de intolerância e discriminação a diferentes grupos que a Comissão deveria, por preceitos constitucionais e regimentais, defender.
Negar direitos a um grupo que responde por mais da metade da população brasileira também é um ato de violência!
Nós, mulheres da Virada Feminista, lutamos por um Estado verdadeiramente laico que dialogue com uma sociedade plural e garanta a cidadania a todas e todos. Reivindicamos, portanto:
  • uma vida livre de violência;a efetivação dos direitos sexuais e direitos reprodutivos, com a garantia de autonomia sobre nossos corpos, o livre exercício da sexualidade, além do direito de engravidar e a interromper uma gravidez indesejada;
  • uma reforma ampla e democrática do sistema político, que garanta a paridade entre homens e mulheres nos espaços de poder e decisão;
  • a implementação da Lei Maria da Penha, com a criação de equipamentos públicos e de um Sistema de Justiça sensível às desigualdades de gênero;
  • uma vida sem ter o racismo como elemento de subrepresentação da população negra, pensando a especial situação de vulnerabilidade das mulheres negras;
  • uma vida livre da lesbofobia, homofobia, das transfobias e das violências de identidade de gênero;
  • o fim da divisão sexual do trabalho que causa sobrecarga física e psicológica às mulheres, especialmente no que se refere à dupla ou tripla jornada de trabalho;
  • a garantia da liberdade e diversidade religiosa;
  • a autonomia, nos campos econômicos, social e político;
  • a implantação de creches e escolas públicas e de qualidade para que as crianças possam ser bem educadas enquanto as mulheres trabalham;
  • a democratização dos meios de comunicação e um novo marco regulatório que impactem na forma como a mídia representa as mulheres.
A omissão dos programas de governo à população, que já são direitos garantidos, é uma violência institucional.
Nós, as mulheres da Virada Feminista, representamos muitas vozes, muitas cores e muitos ritmos! Convidamos a todas e a todos, que desejam transformar nossa realidade e contribuir para a construção de uma sociedade livre de opressões, a participar e somar na programação do mês de março.

Vamos sambar na cara dos fundamentalismos!
Distrito Federal – Março de 2013

Realização: Fórum de Mulheres do Distrito Federal e Entorno (FMDF)

Quem já tá nessa: Aferidor de Vuelos, Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Articulação de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), Associação de Pós-Graduandos da UnB Ieda Delgado (APG), Blogueiras Feministas, Brasil e Desenvolvimento, Central das Religiões de Matriz Africana do DF (Afrocom), CFEMEA, Cidadãs Positivas, Coletivo de Mulheres da Articulação de Esquerda do PT – DF, Coletivo Unificado de Mulheres da UnB, Consulta Popular, Fora do Plano, Grupo N’Zambi Capoeira Angola, Grupo Nzinga de Capoeira Angola, Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação, Mães Pela Igualdade, Marcha das Vadias DF, Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Pretas Candangas, Promotoras Legais Populares (PLPs), Rede Feminista de Saúde – DF, Rodamoinho, Sindicato dos 
Jornalistas Profissionais do DF (SJPDF), Supernova.
Fonte: www.cfemea.org.br 



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