quinta-feira, 24 de maio de 2012


Na escuridão, com os olhos arregalados, o coração acelerado, a mente confusa com palavras bobas e o corpo se entrega à dor. A noite está tão fria. O seu silêncio é perturbador, grandioso, mas me inquieta e tenho medo.
Não estou só, há sombras ao meu lado.
Estou parada, completamente imóvel e com sentimentos horríveis.
Toco minha pele, ela está áspera e os meus lábios não se movem, minha boca está tão seca e eu não encontro nenhuma gota de saliva e estou sufocando. Assusto-me, e nesse momento não sou eu. Perco a calma, viro bicho, viro bruxa, e pareço má.
As paredes parecem se moverem em sombras assustadoras tão perto de mim e me consumindo. Viro para um lado e viro para o outro e não encontro nada para me sustentar, só vejo sombras. Loucura ou pensamentos aterradores contra mim mesma.
No meio da escuridão projeto uma defesa contra todas as sombras que estão me cercando, acendo a luz e não há nada ameaçador. De novo apago a luz e tento fazer uma oração, para quem? Nesse momento não existe sagrado em meus sentimentos e tento contê-los, mas não sou eu de novo. Há muita dor em meu corpo, tento me curvar e me abraço, me enrosco em minha consciência, pois minha lucidez está turva. Virei uma grande bola e os pensamentos não me deixam voltar, a minha dor está me absorvendo e choro. Estou imóvel novamente e de novo não sou eu.
Grito, mas não tenho voz, meu espírito está cansado, parece um sonho longo, mas não é, estou sofrendo. Dor, angústia e solidão. Estou entre o céu e o inferno mergulhada em sentimentos sinistros. Sombras e mais sombras flutuando em minha frente, algo triste e solitário. Nesse momento aterrador parece que só existe um mundo sombrio.
A noite avança, mas me sinto triste e só. Não durmo e sofro e choro e amaldiçoo o mundo e quem nele vive e a mim mesma.
Perdi meu chão no meio da escuridão, do vazio. O lado sombrio de minha mente está agindo em cima de minha dor e de minha angústia. Meu corpo está tão triste que parece desfalecer em meio às sombras que me atormentam nessa noite sem fim.
 Meu coração ferido com faca afiada para matar. Meus sentimentos partidos ao meio. E choro e choro, sofrimento insano quase mortal.
O Céu me castiga e talvez eu mereça por algum motivo.
Sou fogo e queimo a mim mesma, sou água e fico gelada diante do medo, sou ar e flutuo nas sombras, e não sou eu.
Alguém me abraça, e não reconheço. Talvez uma sombra que me acolhe. E choro, e adormeço em soluços. 

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