quarta-feira, 5 de agosto de 2015




É madrugada e ela dorme. 
Tudo é branco como se fosse um nevoeiro, tudo é de vidro e uma luz molhada reflete em seu corpo. 
Ela anda com muito cuidado para não sair daquele espaço onde tudo é tão bom, tão suave e tão profundo. Surreal. 
Ela desliza as mãos pelo ar frio, sua pele parece que tem gotas de orvalho, olhando aquela seda branca que lhe cobre o corpo, tão suave quanto sua pele. 
Mas ela anda naquele espaço bonito, porém vazio, tentando encontrar alguma coisa ou alguém, mas ela está só. Parece que está em uma grande bola de vidro protegida da vida. 

Olhando pelo vidro, a madrugada é escura, fria, vazia e sem brilho. 
Não tem ninguém ali, ela está só no vazio do seu ser, chora olhando em volta e sentindo todos os olhares amedrontados dentro de si.
Exausta de suas angústias ela olha para o céu, e lá está a lua que não reage a nada, mas parece entender toda sua dor e angústia com aquele olhar de quem sofre as mesmas dores por estar ali diante de tantos séculos sem envelhecer. 
Entregue a tanta angústia e escuridão, subitamente um grito, um grito apertado entredentes. 
Ela assustada, vê todo o vidro que vai se quebrando em pedacinhos de cristais e sua pele se quebra junto, doendo e rasgando o próprio ser que sangra de dor, mas sua pele não se quebra em pedacinhos de cristais. 
Abraçada a si mesma, seus braços se encontram no vazio longo de um abraço inútil, ela chora copiosamente se perguntando “por quê?”. 
E se a juventude viesse novamente do fundo de seu ser e chegasse à sombra do rosto esquecido? 
Ela soluça, soluça...

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