sábado, 10 de agosto de 2013


Nordestino da Paraíba, galego, de olho azul, cabra da peste.
Morador de pé de serra, quando nela subia junto a seu cachorro chamado Calçado sempre trazia uma caça, e D.Severina tratava logo de preparar, para melhorar o pobre jantar daquela turma faminta. Com uma lamparina na mão ele ia sentar-se na porta de casa para fumar o seu cigarro antes de dormir. Olhava a escuridão, pois não tinha mais nada para ver naquele mundão esquecido.  Às vezes ele ia ler os seus cordéis nordestinos com rimas muito engraçadas, mas eu não entendia ainda, só achava engraçadas aquelas histórias que ele gostava tanto.  Acordava muito cedo para começar sua lida, pois o roçado era grande, e a ele não pertencia. Tinha sempre um patrão, que no final de cada mês vinha receber o seu. O papai não descansava, ele estava sempre tentando ganhar o pão de cada dia, pois se não fosse assim, não tinha criado tantos filhos.Foi um vaqueiro arretado, e em cima do seu cavalo corria atrás de garrote brabo, sumia no meio da caatinga, e a mamãe coitada, aflita, não sossegava enquanto não o via surgindo de dentro do matagal aboiando e com o seu chapéu de coro amarrado no queixo.  Sempre foi magro e forte, e nunca teve preguiça.Foi também agricultor, plantador de algodão, coisa doida de fazer, pois os dedos se feriam na colheita manual, mas ele firme e enchendo os sacos diariamente, em quantidade inexplicável. Chegava sempre muito cansado, e me lembro de que mamãe trazia uma bacia branca de ferro esmaltado com água morna para seu escalda pés, pois o dia era puxado. Trabalhava de sol a sol, de segunda a sábado e no domingo saia em seu cavalo para fazer a feira na bodega. Arroz, feijão, açúcar café e outras coisas que não podiam faltar para o alimento dos filhos.  Ele sempre comprava o básico por que o dinheiro era pouco, mas me lembro de que ele nunca se esquecia de fazer um agradinho, trazia num saquinho um punhado de confeitos (bala Soft) e era a nossa alegria de domingo.

O meu nome é Nazide, nome que ele escolheu e que hoje eu me orgulho de um nome diferente e ele diz que tirou de um romance que leu. Tenho uma característica que é dele, não durmo com chuva forte. Lembro-me que, quando começava a chover ele se levantava pegava uma lamparina e ia de rede em rede (todos dormiam em redes) olhando se estávamos bem até a chuva parar.
Seu nome é Natércio de apelido Teté, hoje é morador de Brasília e aposentado.

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